16 maio Sobre pequenos prazeres
Comer um bolo de banana que saiu do forno com um café coado na hora. Preparar a própria refeição. Escrever. Ter tempo para conversar com os amigos. Passar o domingo de bobeira com a família. Dormir de conchinha com as crianças. Fazer yôga e sentir os músculos relaxados. Respirar.
Vocês já perceberam como os pequenos prazeres são um sopro de alegria? Eu citei aqui alguns, mas poderia escrever linhas e linhas sobre coisas simples que mudam a minha rotina.
Eu sei que as coisas estão difíceis demais pra todo mundo. A gente ouve notícias ruins o tempo todo. E deixa de acreditar nas pessoas. Sim, tá complicado. E quando se é mãe, tudo parece pior. Porque a gente se questiona: “Puxa, pra quê fui colocar uma criança num mundo assim!”.
Mas eu acho que é nessas horas que a gente precisa se agarrar ao otimismo. Não se apegar ao que é ruim e sim ao que é BOM. E mãe é um ser otimista por natureza, podem acreditar!
Não sou mãe alienada, mas uma mãe de carne e osso. Eu preciso ter fé na vida e nas pessoas para seguir em frente. E meu modo de fazer isso é enxergar tudo de melhor que eu tenho. Todos os dias.
A propósito, vocês já assistiram “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”? O filme conta a história de uma jovem nascida no subúrbio da França, que cultiva um gosto particular pelos pequenos prazeres da vida. Como por exemplo, enfiar a mão no fundo de um saco de cereais ou jogar pedras num lago.
Esse filme sempre me marcou. Primeiro, porque eu me identifico muito com o jeito romântico, atrapalhado e otimista da personagem. Segundo, porque eu amo a França! Adoro a comida, os filmes, a cultura!
Dia desses, estava andando de carro e dei de cara com uma escola de francês no meu bairro. Eu não resisti. Fiz um teste, comprei os livros e decidi estudar francês. Eu já conhecia o idioma da época da faculdade, há vinte e poucos anos.
Contei para o meu pai, um senhor octogenário, daqueles que precisam enxergar um objetivo em tudo na vida. E ele me perguntou: “Mas filha, isso vai ser útil?” Eu não soube responder. Enrolei meu pai com o que estava escrito no folder da escola: “Oportunidades de emprego em grandes corporações e cursos no exterior”.
A verdade é que eu tive vergonha de admitir que eu amo francês. Simples assim. E eu confesso que tenho priorizado fazer o que eu gosto ultimamente.
No passado, eu já enfrentei fases corridas, cheias de tarefas para entregar e problemas que me sobrecarregavam. Eu brincava que era a minha “gincana materna”.
É claro que, muitas vezes, não temos saída. Tem hora que é preciso fazer “o corre”.
Mas também tem hora para parar, pensar e tentar mudar o que não te faz mais feliz. E esse é o maior ensinamento que eu tive nos últimos anos.
E será que dar tempo ao que se ama não é uma forma de mudar o mundo? E não é de amor que a gente precisa?
Às vezes, me pego largando tudo para sentar e ver desenhos com as crianças no sofá. Levo e busco na escola. Faço os bolos e comidas que eles gostam. Durmo agarradinha com os meus filhos e não saio do quarto deles, mesmo sabendo que os dois já pegaram no sono.
São os momentos que eu quero que o tempo pare. Meus pequenos prazeres da vida de mãe.
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