Alimentação e sustentabilidade

Alimentação e sustentabilidade

Quando eu comecei a cozinhar mais em casa, percebi que comer é mesmo um ato político. E o que a gente coloca no prato pode mudar não só nossa saúde, mas o futuro do planeta.

 

 

Cada um dos alimentos possui uma cadeia produtiva: consumo de água, uso do solo, geração de empregos, biodiversidade, emissão de gases do efeito estufa. Vários fatores que envolvem desde questões ambientais a sociais. Por isso é importante pensar em tudo o que comemos. Saber a origem dos alimentos, como eles foram produzidos, o impacto que deixaram na cadeia produtiva é um passo muito importante.

Esses são alguns dos conceitos do Slow Food, movimento criado pelo italiano Carlos Petrini no fim dos anos 80. E que já foi adotado por vários chefs de cozinha, inclusive aqui no Brasil. Eu me preocupava tanto em reciclar lixo e achava que estava abafando no quesito eco… Até perceber como dava bola fora na parte da alimentação!

Passei então a comprar alimentos orgânicos, priorizar a agricultura local e extrair do ingrediente o máximo possível para evitar desperdício em casa.

Ah, tá, mas e a carne, Lú? Com o surgimento do coronavírus, ficou clara a relação entre os problemas ambientais, o consumo de carne e a pandemia.

Cientistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente concluíram que 75% das doenças infecciosas emergentes são transmitidas através de animais: ebola, gripe aviária, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), o zika e agora, o coronavírus. Todos ligados à atividade humana: desmatamento e destruição de ecossistemas.

O surto de ebola na África é consequência de perdas florestais que levaram animais selvagens a se aproximarem de cidades. Pelo que eu entendi toda vez que humanos ou rebanhos se aproximam muito de animais selvagens dá treta. Eles trocam vírus. As doenças associadas a morcegos surgiram da perda de habitat por conta do desmatamento e da expansão agrícola. A natureza está em crise, ameaçada pela perda de biodiversidade e de habitat, pelo aquecimento global e pela poluição.

Aqui no Brasil, um relatório feito por Ongs, universidades e empresas de tecnologia mostrou que 99% do desmatamento feito em 2019 no país foi ilegal: não tinha autorização ou estava em áreas que jamais poderiam ter sido desmatadas.  As regiões mais atingidas foram o Cerrado e a Amazônia. E o pior: o Governo aproveitou a cortina de fumaça da pandemia para desmantelar as leis de proteção ambiental. Em poucas palavras: destruir tudo o que temos de mais bonito nesse país.

Isso me choca demais. Quando conheci o Thiago, o amor da minha vida, decidimos viajar pelo Brasil juntos. Foi com ele que conheci o rústico Cerrado, os incríveis Lençóis Maranhenses e lugares paradisíacos no sul e no Nordeste do país.

Pouco antes de engravidar, sonhava em ir para a Amazônia. Pensar que meus filhos nunca irão conhecer esses lugares como eles eram no passado me deixa devastada. E a associação disso tudo ao vírus me assusta.

O churrasquinho tá acabando com as florestas, gente! Eu admiro muito o movimento vegano, mas sei que muitas pessoas ainda têm dificuldade de aderir. Inclusive eu! Pra mim, funcionou o caminho do meio: o semivegetarianismo.

Aqui em casa, diminuímos o consumo de proteína animal, sem tirá-la do prato. E quando eu compro carne é com muita consciência. Dou prioridade ao frango e aos ovos orgânicos. Até peixe de produção sustentável eu já encontrei no supermercado!

Segundo especialistas, a alimentação é um dos modos mais acessíveis para fazer uma revolução verde. Bora começar?

 

 

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