Desacelerar é preciso

Desacelerar é preciso

Eu sempre gostei muito de trabalhar. Como jornalista, participei de fechamentos exaustivos de reportagens, coberturas jornalísticas ao vivo na TV e madrugadas regadas a muito café e trabalho. Mas algo mudou dentro de mim depois que virei mãe. Meu estilo de vida não combinava mais com a maternidade desacelerada que eu sonhava ter. Então, aconteceu meu momento de ruptura: decidi dar uma pausa. Foram dois anos de descanso ao lado da minha família.

Hoje estou num novo processo. Durante a pausa, percebi a importância da rotina com mais calma pra mim. Mudei toda a minha vida e mergulhei na transição de carreira.

Tenho participado de cursos, faço pesquisas e estudo. Minha busca é por um modo de viver mais sustentável. E uma maternidade menos acelerada e mais presente. Meu sonho é que outras mães consigam fazer pequenas mudanças no dia-a-dia que reflitam em mais qualidade de vida com os filhos e com elas mesmas.

A gente normaliza o discurso da correria, da falta de tempo conosco e com os outros. Como se isso fosse normal. Mas não é. Na contramão frenética dos grandes centros urbanos tem surgido um movimento mundial: o slow living. É um estilo de vida e também uma filosofia que sugere uma rotina e um trabalho inspirados em valores simples. Menos consumismo e mais reaproveitamento. Menos pressa e mais tempo focado no que importa.

Mas como colocar o slow living em prática no universo materno sem precisar virar hippie ou jogar tudo para o alto? Eu já tenho algumas pistas:

  • Cozinhar mais em casa: trocar os industrializados pela feira. E compartilhar as refeições com quem a gente ama pelo menos uma vez ao dia;
  • Diminuir o uso de redes sociais: se conectar com as pessoas de uma maneira menos tecnológica. Visitar aquela amiga querida para um café, ao invés de perder tempo nos grupos do whatsapp;
  • Incentivar as crianças a deixar os eletrônicos: que tal ler, desenhar ou brincar ao ar livre de vez em quando?
  • Ficar mais em casa, mas também aproveitar os espaços públicos, como os parques e os SESCs. Tudo de graça e sem despesa!
  • Estimular as produções locais: que tal reformar uma roupa com aquela costureira talentosa do bairro ao invés de comprar uma peça nova no shopping?  E na hora de decorar a casa ou presentear alguém, que tal investir numa peça da artesã que você conheceu na feirinha de artes? Ah, e sempre que possível, trocar os grandes magazines pelo trabalho de mães empreendedoras.

Hoje trabalho de casa. Ainda ganho pouco. Trabalhar de freelancer é sim um perrengue. Mas também consumo menos do que antes. Não preciso de roupas novas, sapatos e maquiagens porque estou em casa. Só uso cosmético natural e, mesmo assim, pouca coisa. A comida é feita por mim. Trabalho menos e melhor!

Uma pessoa passa pelos menos oito horas por dia no escritório. Por experiência própria, sei que ninguém produz durante todas essas horas. Tem a pausa do almoço, o cafezinho, a conversa, a fofoca, a dispersão… Então, que tal focar em menos horas, mas que sejam mais produtivas? Esse é um assunto que já está sendo discutido por aqui e também em empresas no exterior, ainda mais depois da pandemia e a necessidade de repensar os modelos de trabalho.

A maternidade trouxe para mim um desejo enorme por qualidade de vida. Quero viver bem para curtir os meus filhos. Porque sei que o AGORA é meu momento mais importante.

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