#Lar

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Eu já morei em seis lugares diferentes. Depois de sair da casa dos meus pais, aos 29 anos, passei por cinco endereços. As mudanças ocorreram por causa da carreira, filhos, família.

E assim, fui deixando para trás um desejo: morar numa casinha antiga reformada, com quintal e jardim na frente. Esse é o lar dos meus sonhos. Por ironia, esse é o lugar onde estou agora. Mas ele não é o meu lar.

Estou em Portugal com a minha família, num alojamento temporário do Airbnb, que deve ser apenas uma das várias casas que vamos passar nos próximos meses. Nos mudamos para Portugal por causa do mercado de trabalho, da qualidade de vida e da segurança.

Mudamos de país em busca de esperança.

De dias melhores. De andar nas ruas sem medo. De usar menos o carro e mais os pés. De mais tempo para contemplar o pôr do sol.

Menos pressa, mais vida.

Para isso, eu tive que mais uma vez abrir mão do meu sonho de ter a minha casinha com jardim. Eu queria criar raízes, mas ganhei asas. Só que isso parece não importar agora.

Depois de tantas mudanças, percebi que minha família é meu lar. Tenho um parceiro que já morou comigo em cinco lugares diferentes. E sempre faz planos de morar comigo de novo. Nossos filhos têm aprendido muito com nossos exercícios de desapego.

Lugares são lugares. Coisas são coisas.

Minhas raízes estão fincadas no meu coração e minhas asas me permitem voar com eles para onde a gente quiser. Sempre juntos.

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