Tudo sobre o amor

Tudo sobre o amor

Eu sempre fui muito romântica. Assim como várias adolescentes da minha geração, acreditava no amor idealizado. Aquele dos filmes de Hollywood. Mais açucarados do que o doce de leite que eu devorava, enquanto sonhava acordada com príncipes.

Nada me ensinaram a respeito do verdadeiro amor. 

E é ele que venho buscando nos últimos anos. Aprendi muito graças ao último livro que eu li: “tudo sobre o amor”, da intelectual feminista, bell hooks. bell fala do amor em todas as suas formas. O amor que vem das amizades. O amor da vida em comunhão com o próximo e com a natureza. O divino. O que floresce quando sabemos amar os nossos filhos. E o mais importante deles: o amor-próprio. Aquele que hoje me faz olhar no espelho e pensar: Ei, peraí! Eu também sou merecedora do amor! bell me falou:

“Amor-próprio é a base de nossa prática amorosa. Sem ele, nossos esforços amorosos falham. Ao dar amor a nós mesmos, concedemos ao nosso ser interior a oportunidade de ter o amor incondicional que talvez tenhamos sempre desejado receber de outra pessoa.” 

bell lembra que, em um mundo ideal, todos aprenderíamos na infância a amarmos a nós mesmos. O que não acontece na maioria das vezes. Mas sempre há esperança. “A luz do amor está sempre em nós, não importa quão fria esteja a chama”. 

Amor verdadeiro é uma construção que precisa de muito concreto para ficar estável. Dá um trabalhão! Só que nossa cultura prefere valorizar o amor que vem fácil. E que vai embora fácil também.

Amor não é feito para virar fantasia romântica. Ele é realidade. E torna-se real quando deixamos de lado os jogos de poder, a vaidade e o medo. 

“Queremos conhecer o amor. E temos medo de que o desejo de saber muito sobre ele nos aproxime cada vez mais do abismo do desamor.” 

Só o amor pode curar as nossas feridas do passado. E como lembra bell: “a intensidade de nossos ferimentos frequentemente nos leva a fechar nosso coração, tornando impossível retribuirmos ou recebermos o amor que nos é dado.”

bell me mostrou tudo isso. Como a dominação masculina sobre mulheres e crianças ainda é um entrave para que o amor mostre toda a sua potência. 

Amor e abuso não podem coexistir. Por isso, devemos lutar por uma ética amorosa. Uma prática honesta do amor, sem esse individualismo que domina as pessoas na sociedade capitalista. Temos que ter a disposição de unir “a forma como pensamos e a forma como agimos.”

“Quando vivemos de acordo com uma ética amorosa, aprendemos a valorizar mais a lealdade e o compromisso com laços duradouros do que o crescimento material. Embora ter uma carreira e ganhar dinheiro continue sendo importante, isso nunca vem antes da valorização e do cuidado da vida e o bem-estar humanos.”

Viver de forma mais simples e em comunidade alimenta o amor. Cultivar uma prática amorosa que seja honesta e corajosa. Esse é o amor que bell me mostrou e no qual eu acredito.

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